Há dez anos, os moradores da Região Serrana vivenciavam uma noite de tensão, desespero e angústia. Os dias seguintes a 11 de janeiro também pareciam cenas de um filme: militares por toda parte; montanhas marcadas pelos deslizamentos; destroços, lama e poeira pelas ruas; bairros completamente devastados; imóveis que nunca se imaginaria que seriam abalados, ruíram; e o pior de todos os cenários: centenas de mortos e moradores que, até hoje, não foram encontrados.
O temporal de 11 de janeiro de 2011 foi previsto pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Um aviso meteorológico especial foi emitido para o governo estadual por volta de 16h20. Frei Marcelo Toyansk, que se incorporou por cinco anos à coordenação da Associação de Vítimas da Tragédia de Teresópolis (AVIT), conta que os sinais de devastação perduraram no tempo.
“Campo Grande foi o bairro mais afetado. Fui muitas vezes lá. O bairro parecia ter passado por uma guerra. Pedras enormes rolaram lá de cima sobre as casas. No bairro viviam centenas de famílias”, lembra.
Toyansk acredita que, diante do tamanho da tragédia, nem todos as mortes estão oficialmente registradas e avalia que o sofrimento foi agravado com os desdobramentos do episódio, que incluíram morosidade no reassentamento, dificuldade na liberação de recursos, o atraso nas obras e falta de atendimento psicológico adequado, entre outros problemas.
“Não é a chuva a vilã. É um problema estrutural mais complexo. Ter toda essa população em área de risco é resultado de um caos social e político. E mesmo após a tragédia houve um descaso muito grande, que gerou mais sofrimento. Muitas vítimas continuaram vivendo em área de risco por muito tempo”, disse.
Via Agência Brasil
Equipe M.C.F
Deixe seu comentário